O Scrum como um framework, aplicado em diversos cenários e contextos, permite diferentes aplicações de suas práticas, artefatos e também dos papéis internos da equipe.
Uma questão que muitas empresas enfrentam é se devem designar um Scrum Master fixo para todo o ciclo de vida do produto/projeto ou se devem rotacionar o papel do Scrum Master entre os membros da equipe a cada Sprint.
Sabemos que o Scrum Master é responsável por garantir a efetividade da equipe, que todos entendam e sigam o processo de trabalho, por remover quaisquer impedimentos e pela melhoria contínua.
Não há nada na teoria do Scrum que impeça as responsabilidades de Scrum Master de serem executadas de forma rotativa. Todavia, existem prós e contras a serem considerados.
Prós
Se optado dessa forma, um dos principais benefícios da rotação do Scrum Master é que ela proporciona oportunidades para que todos os membros da equipe possam desenvolver habilidades de liderança e se "provarem" nessa função. Isso não apenas ajuda na formação de uma equipe mais bem preparada, mas também é uma ótima oportunidade para descobrir e desenvolver novos talentos dentro da equipe.
A rotação do Scrum Master também aumenta a possibilidade de incorporar novas ideias e transmiti-las uns aos outros (passagem de conhecimento). Cada novo Scrum Master traz consigo uma nova perspectiva, novas dinâmicas, ferramentas e experiências de vida. Tudo isso pode se materializar como ideias inovadoras sobre como gerenciar/facilitar o processo de trabalho.
Outros benefícios que podemos citar é o fortalecimento da empatia uma vez que todos passam pela função, a não-dependência de uma só pessoa (na ausência ou férias de um Scrum Master, outros podem suprir facilmente) e o desenvolvimento da maturidade individual pois cada membro do time tem de cumprir com essa responsabilidade de tempos em tempos.
Contras
No entanto, a rotação do Scrum Master também tem seus contras. A mais fácil de perceber, é que isso pode levar à ineficiência no desenvolvimento do produto, pois todos precisam se adaptar a um novo Scrum Master a cada Sprint. É como se estivéssemos levando a equipe para Forming/Storming por mais tempo que o necessário, seguindo o Modelo de Tuckman. A curva de aprendizado tende a ser maior, resultando em um período inicial de menor produtividade.
Os membros da equipe também podem levar algum tempo para se acostumar com o novo Scrum Master, o que pode afetar aspectos como confiança, colaboração e comprometimento. A equipe pode perder a continuidade e a consistência da gestão do Scrum Master se o papel for rotativo. É como se fosse ao dentista e a cada consulta tivesse o atendimento de um novo profissional. A qualidade do trabalho pode ser afetada se o novo Scrum Master não tiver habilidade para dar continuidade às ações e práticas já iniciadas.
Em equipes menos maduras ou que passam por problemas de relacionamento interpessoal, a rotação do Scrum Master pode até criar um ambiente de competição. Se os membros da equipe começarem a comparar diferentes Scrum Masters, isso pode levar a uma atmosfera de rivalidade, o que prejudica a colaboração e o resultado de forma geral.
Conclusão
Como tudo na vida, a rotação do Scrum Master tem seus prós e contras. Cada equipe deve avaliar suas próprias necessidades e escolher se terá um papel fixo ou rotativo. Independente da decisão tomada, é imprescindível cultivar uma dinâmica de aprendizado. Algumas vezes será necessário testar as duas abordagens por um tempo para depois concluir sobre o que é mais benéfico e apropriado para o seu contexto.